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segunda-feira, 7 de março de 2011

Lino Guedes

60 anos da morte do poeta, escritor e jornalista “herdeiro” de Luís Gama
No dia 4 de março de 1951 morria o escritor que foi um admirador do poeta negro

Lino de Pinto Guedes era filho de ex-escravos e nasceu na cidade de Socorro, em São Paulo, em 1897. Cresceu em Campinas e se formou pela Escola Normal Antônio Álvares com parcos recursos provindos de doações. Ainda jovem iniciou a carreira de jornalista no Diário do Povo e no Correio Popular. Trabalhou também no Jornal do Comércio, no O Combate, na Razão, no São Paulo - Jornal, no Correio de Campinas, no Correio Paulistano e no Diário de São Paulo.
Teve atuação na Imprensa Negra, tendo trabalhado como redator-chefe do periódico Getulino (apelido de Luís Gama), em 1923, dirigiu o jornal Maligno, em conjunto com Gervásio de Moraes, em 1924, e foi editor do jornal Progresso em 1928.
Lino Guedes é considerado um dos primeiros poetas e escritores negros que protagonizou as lutas do povo negro em seus escritos, tendo sido um dos grandes destaques da Imprensa Negra de sua época. Em algumas situações, Lino foi acusado ser muito direto ao tratar da questão da luta do povo negro em seus escritos.
O primeiro dos jornais a contar com sua colaboração em termos de militância negra foi A União, em 1915, quando Guedes dava os primeiros passos na profissão. Com clara influência de Luís Gama foi fundado o Getulino, em homenagem ao poeta negro.
Em São Paulo deu continuidade à sua luta pelo povo negro, participando de associações recreativas e reuniões sociais da comunidade negra, até que, em 1928 colaborou com Argentino Celso Wanderley na fundação do Progresso.
Lino Guedes utilizava como pseudônimo literário o nome de Laly. Os seus referenciais literários foram dramas românticos em verso, como Castro Alves e a poesia abolicionista de Vicente de Carvalho.
Contrariando as acusações de outrora, a temática da escravidão ocupou lugar predominante em sua obra. Alguns autores chegam a apontar que nos escritos de Lino pode ser identificada a vontade de “elevação da comunidade negra”.

Em “Negro Preto Côr da Noite”, ele escreve:

Cadê elle?!...
- Quem foi que inventou serviço?
Anda o Dicto a indagar.
- Esse tal de “seu fulano”,
Si algum dia o encontrar,
lhe bato c’um gato morto
até o gato miar!...

Faleceu no dia quatro de março de 1951, e três anos mais tarde foi publicada uma edição completa de suas obras, compreendendo vários gêneros literários: poesia, conto, romance, ensaio, biografia, e outros. No final da vida teve uma série de desavenças com lideranças negras de São Paulo, tendo esporadicamente se isolado. Por fim, caracterizou sua vida literária pagando tributo ao advogado dos escravos, Luís Gama, tendo escrito inclusive sobre ele em 1924, no livro Luís Gama e sua individualidade literária. Na bibliografia de Lino Guedes ainda constam as seguintes obras literárias: Black (1926); O Canto do Cisne Preto (1927); Ressurreição negra (1928); Urucungo (1936); O Pequeno Bandeirante, Mestre Domingos (1937); Negro Preto Cor de Noite (1938); Sorrisos de Cativeiro (1938); Vigília de Pai João, Ditinha (1938); Nova Inquilina do Céu, Suncristo (1951).

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